A obra traz em si a sua própria forma; tudo aquilo que ele
gostaria de acrescentar, será recusado; e tudo aquilo que ele não gostaria de
aceitar, lhe será imposto. Enquanto seu consciente está perplexo e vazio diante
do fenômeno, ele é inundado por uma torrente de pensamentos e imagens que
jamais pensou em criar e que sua própria vontade jamais quis trazer à tona. Mesmo
contra sua vontade tem que reconhecer que nisso tudo é sempre o seu “si-mesmo”
que fala, que é a sua natureza mais íntima que se revela por si mesma
anunciando abertamente aquilo que ele nunca teria coragem de falar. Ele apenas
pode obedecer e seguir esse impulso aparentemente estranho; sente que sua obra é
maior do que ele e exerce um domínio tal que ele nada lhe pode impor. Ele não
se identifica com a realização criadora; ele tem consciência de estar submetido
à sua obra ou, pelo menos, ao lado, como uma segunda pessoa que tivesse entrado
na esfera de um querer estranho. (Jung, 1985, p,61-62)
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