- Mas pense em todos aqueles deuses: Apolo e Asclépio, Atena
e Zeus, Posêidon e Dioniso. Durante muitos e muitos séculos, os gregos
construíram templos caríssimos para esses deuses. Pense nas distancias enormes
que tinham de percorrer arrastando aqueles, pesados blocos de mármore.
- Como você pode ter tanta certeza de que esses deuses não
existiram mesmo? Pode ser que agora eles estejam desaparecidos ou que
encontraram um outro povo de tão boa-fé quanto aos gregos. Mas houve um momento
em que eles andaram aqui pela terra.
Meu pai me olhou pelo espelho retrovisor.
- Você acredita mesmo nisso, Hans-Thomas?
- Não estou bem certo – respondi – Mas acho que de alguma
forma eles estiveram aqui na terra enquanto as pessoas acreditaram neles. Acho
que a gente vê aquilo em que acredita. Por isso é que, enquanto as pessoas não
duvidaram da existência deles, eles não envelheceram nem ficaram gastos ou
puídos.
O dia do Curinga – Jostein Gaarder
-
A releitura é sempre interessante, todavia, quanto ao livro
“O dia do curinga”, pude perceber que as palavras do autor continuam a
despertar o convite a boa reflexão na forma mais pura. Literatura envolvente e
que chama atenção principalmente sobre a importância do questionar sobre as
coisas da vida.
“Talvez o Curinga tivesse vindo ao mundo com o defeito de
ver as coisas demais e de ver todas elas em profundidade, pois enquanto o resto
dos naipes estava se preocupando em viver como era de praxe cada carta se
comportar, se preocupando em estudar, ir ao teatro, assistir um filme,
trabalhar, comprar roupas com naipes mais bem desenhados o Curinga se dava
conta do que os outros não se davam, talvez não com a mesma profundidade. Ele
se dava conta de que vive.” O dia do Curinga.
Assim como no Mundo de Sofia, Gaarder chama atenção para o
poder de experimentação do mundo sempre de um modo diferente e é neste ponto
que o texto ganha mágica, o mundo como na visão de uma criança.
Após quatro anos desde a primeira leitura desta obra fico
feliz em saber que o livro continua a me roubar sorrisos por lembrar minha
missão... Ser curinga e continuar buscando sempre transformar a tristeza em
gentileza.
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