terça-feira, 10 de abril de 2012

O dia do Curinga


- Mas pense em todos aqueles deuses: Apolo e Asclépio, Atena e Zeus, Posêidon e Dioniso. Durante muitos e muitos séculos, os gregos construíram templos caríssimos para esses deuses. Pense nas distancias enormes que tinham de percorrer arrastando aqueles, pesados blocos de mármore.

- Como você pode ter tanta certeza de que esses deuses não existiram mesmo? Pode ser que agora eles estejam desaparecidos ou que encontraram um outro povo de tão boa-fé quanto aos gregos. Mas houve um momento em que eles andaram aqui pela terra.

Meu pai me olhou pelo espelho retrovisor.

- Você acredita mesmo nisso, Hans-Thomas?

- Não estou bem certo – respondi – Mas acho que de alguma forma eles estiveram aqui na terra enquanto as pessoas acreditaram neles. Acho que a gente vê aquilo em que acredita. Por isso é que, enquanto as pessoas não duvidaram da existência deles, eles não envelheceram nem ficaram gastos ou puídos.

O dia do Curinga – Jostein Gaarder

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A releitura é sempre interessante, todavia, quanto ao livro “O dia do curinga”, pude perceber que as palavras do autor continuam a despertar o convite a boa reflexão na forma mais pura. Literatura envolvente e que chama atenção principalmente sobre a importância do questionar sobre as coisas da vida.

“Talvez o Curinga tivesse vindo ao mundo com o defeito de ver as coisas demais e de ver todas elas em profundidade, pois enquanto o resto dos naipes estava se preocupando em viver como era de praxe cada carta se comportar, se preocupando em estudar, ir ao teatro, assistir um filme, trabalhar, comprar roupas com naipes mais bem desenhados o Curinga se dava conta do que os outros não se davam, talvez não com a mesma profundidade. Ele se dava conta de que vive.” O dia do Curinga.

Assim como no Mundo de Sofia, Gaarder chama atenção para o poder de experimentação do mundo sempre de um modo diferente e é neste ponto que o texto ganha mágica, o mundo como na visão de uma criança.

Após quatro anos desde a primeira leitura desta obra fico feliz em saber que o livro continua a me roubar sorrisos por lembrar minha missão... Ser curinga e continuar buscando sempre transformar a tristeza em gentileza.

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