Espectadores do mundo
das ideias
Ocorreu numa noite tranqüila em uma pacata cidade distante
das tormentas da capital. Término de um relacionamento, cada um pra um lado, momentos de angústia inter partes seguiriam por algum tempo. Pois bem, segue a
garota rumo a terra de seus pais e convida o amigo da capital para um breve
encontro na rodoviária da grande cidade. Ocorre que o encontro perdurou por
breve “dois minutos”, instante que para os jovens significou uma vida inteira
pela sinceridade do momento...
Enquanto a felicidade do momento reinava entre os jovens, em
outro lugar, bem distante do plano terrestre, ocorria uma saudável discussão...
Esse é o meu garoto! – Falou em voz alta um senhor com
cabelos brancos, camisa de botão e uma cerveja na mão.
Não ficaria tão feliz com este fato, uma vez que por
percebermos o jovem tão trêmulo. Tal felicidade poderia ser quebrada muito
facilmente com a negação da moça após este momento. – Exclamou em tom de
advertência um senhor calvo e com olhar pesado.
Prefiro pensar que o jovem fez o que melhor que poderia. Espero
que não fique zangado pela confiança que depositou no momento, até então ele
estava levando as coisas na contramão, admitindo sempre que as coisas poderiam
dar errado... Estava a salvo das
surpresas do dia a dia. Tomara que fique bem. – Salientou um senhor calvo com
sapiência como de quem sabe realmente sobre o que está falando.
E porque acham isso? Esses dois (referindo-se ao casal)
alcançaram a plenitude da felicidade. O momento eudaimonico. O belo supremo.
Eros está sorrindo por eles. – Agora foi nada mais nada menos que Sócrates, o
ateniense inquieto e ídolo do passado que interveio na conversa.
Meu neto está se tornando uma grande pessoa, ele apenas
segue o seu coração. Pode até seguir as ideias de vocês (referindo-se aos
filósofos sentados lado a lado enquanto assistem o momento dos jovens), mas, o
coração que dita a sua razão de ser... – Falou o avô do garoto sorridente. – O
avô ergueu o tom mais uma vez na defesa de seu neto.
O silêncio tomou lugar após o voto de defesa do avô para com
seu amado neto, foi então...
Velhotes, lembrem-se do capitulo final de minha estória:
“Uma tarde, ouço o que parece ser a última batida na minha
porta: é a Audrey, parada ali na minha varanda rachada.
Ela dá uma olhadinha rápida com os olhos frouxos e pergunta
se pode entrar.
No corredor, ela fecha e se encosta na porta e pergunta:
- Posso ficar, Ed?
- Claro que você pode passar a noite – mas ela balança a
cabeça, e seus olhos frouxos finalmente caem. Audrey se aproxima de mim.
- Não é só esta noite. Pra sempre.”
Pois é, meus senhores, eu que fui um perdedor e consegui ao
menos o que me faz me sentir feliz, a minha garota. Se for necessário ele se
ferrar, deixem que aconteça, vamos ver qual de nós ele vai abraçar quando o
momento chegar. – Dessa vez foi Ed Kennedy, protagonista do livro “Eu sou o
mensageiro” - Markus Zusak.
Então o avô paterno do jovem, o careca mal humorado
Schopenhauer, o brilhante Sêneca, o mestre do saber que não se sabe Sócrates e
o jovem Ed continuaram a assistir o momento do jovem do plano terrestre.
TEMPUS FUGIT
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