Viagem pela Filosofia – Escola Pré-Socrática – Parte I
Para melhor entender sobre as correntes da Filosofia, vale à
pena olhar pra trás.
Dessa forma, conforme Marilena Chauí: “A Filosofia surgiu
quando alguns gregos, admirados e espantados com a realidade, insatisfeitos com
as explicações com a realidade, insatisfeitos com as explicações que a tradição
lhes dera, começaram a fazer perguntas e buscar respostas para elas,
demonstrando que o mundo e os seres humanos, os acontecimentos naturais e as
coisas da natureza, os acontecimentos humanos e as ações dos seres humanos
podem ser conhecidos pela razão humana, e que a própria razão é capaz de
conhecer-se a si mesma.”
Esse trecho é um prelúdio para a primeira fase da Filosofia.
Nos primórdios das civilizações, o conhecimento predominante era o da tradição,
mitos, Deuses. Logo, explicações sobre fenômenos da natureza, a vida antiga era
explicada pelos mitos. Alguns gregos insatisfeitos ousaram romper com os
dogmas. Nesse sentido, o primeiro deles foi Tales de Mileto (624-558 aC) que em
seus estudos buscou a arké
(substância primordial, primeira da existência). Com isso inicia-se o período
pré-socrático (período que antevém as ideias socráticas e não sua existência em
si) dos filósofos da natureza ou cosmológico, cujo intento era buscar na
natureza uma substância primeira, de modo que, ao explicar a natureza, a
Filosofia também pudesse explicar a origem e as mudanças dos seres humanos.
Agora é hora dos exemplos.
Tales de Mileto
Substância primordial: Água
Em razão da inconsistência intelectual acerca das
explicações do Mundo sobre a causa das coisas serem os Deuses (já enfraquecidos
na tradição).
Citação: “Todas as coisas estão cheias de Deuses.”
Tales afirma que o princípio de todas as coisas é a água.
Aquilo de que se originam todas as coisas é o princípio delas.
Após Tales, vêm Anaximandro de Mileto (610-547 aC).
Anaximandro de Mileto
Substância primordial: Apeíron, matéria infinita da qual
todas as coisas se cindem. Algo insurgido (nunca surgiu, todavia existe) e
imortal.
Anaximandro pensou diferente sobre Tales quando percebeu que
a água não poderia manter-se imutável quanto a Physis (natureza), pois muda de forma, evapora. Logo, formulou a
ideia de Apeíron. Explica que a natureza e seus elementos sucumbem ao devir. “Tudo o que nasce um dia vai
morrer. Tudo o que é quente, um dia vai esfriar. Tudo o que é grande, pode ser
quebrado em pedaços menores. Fogo pode ser combatido com água, e como
resultado, fogo e água deixam de existir.”
Logo, conclui que a essência de todas as coisas não pode
sucumbir ao Tempo. Por isso, Apeíron, ilimitado, infinito, indefinido e eterno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário