Sobre a promessa da vida eterna quando criança
Por volta de meus cinco anos de idade lembro de
comentar com meus pais sobre a vontade de morrer para “ir pro céu” e conhecer
os dinossauros (uma vez que assistia bastante o programa que passava no
Discovery intitulado Paleomundo). Perguntava ao meu pai: “Pai, quando eu morrer
vou pro céu e vou poder conhecer os dinossauros né? Deve ter uma área separada
pra eles porque eles podem morder, né?” Meu pai costumava responder que tudo
que já morreu vai pro céu e quanto a questão do dinossauro, não consigo me
recordar a resposta ao certo, entretanto, lembro de seguir perguntando algo
sobre: “Pai, já que é no Céu que mora Jesus, posso ir lá conhecer ele? Como
posso conversar com ele? Ele não deve falar português.” Novamente não consigo
lembrar a resposta de meu pai (possivelmente o motivo de tais perguntas tenha
sido uma novela da globo que falava de vida após a morte, lembro que Antônio
Fagundes participava, todavia, preguiça me rouba a vontade de ir no oráculo buscar
o nome de tal novela). Algum tempo depois, meu avô paterno deixou o plano
terrestre rumo a “Terra Prometida” e novamente a questão foi colocada em pauta. Dessa vez usei
a variável como meu avô para questionar meu pai, uma vez que a resposta quanto
a morte de meu adorável ídolo da infância foi a que ele “havia partido para o
céu”. Por isso, tomado novamente pela curiosidade quanto ao plano celestial,
perguntei novamente ao meu abatido pai...: “Pai, o vovô foi pro céu, né?”.
Quanto a esta pergunta uma fragmentação de memória da época dita que meu pai
respondeu: “Ele agora nos vigia do céu, meu filho. Esta morando perto de
Jesus.” Mas tomado pelo espírito de filósofo inquieto peculiar nas crianças,
segui reprisando meus argumentos de minhas perguntas outrora feitas: “Mas pai,
como ele vai falar com Jesus? Será que ele vai conseguir falar com as pessoas
de outros países? O vovô não sabe falar inglês...”. Nenhum pedaço de memória
surge para ilustrar o que meu pai poderia ter respondido.
Todavia, alguns anos depois, agora com vinte e
quatro anos, após ter conseguido uma boa dosagem de experiência de vida,
filosófica, existencial, cientifica entre outros, continuo buscando acreditar
nessa “ideia” da promessa da vida eterna. Que mágico seria se pudéssemos ter a
oportunidade de rever nossos entes queridos (vivo comentando com meu pai que
gostaria de ter oportunidade de trocar boas ideias com meu avô), assim como
trocar ideias (embora continue sem “respostas” para a problemática da
comunicação inter mortos) com grandes figuras do passado, tal qual Sócrates,
Platão, Hume, Kant, Nietzsche e Schopenhauer (esse queria trocar muitas ideias
mesmo). A melhor idade é a mais jovial, a criança é o maior filósofo de todos
os tempos, suscetível em demasia quanto as surpresas do mundo, depois de anos
passados de minha infância espero a cada dia que passa que o mundo me
surpreenda.
A priori, só temos uma
vida e que temos que aproveitar ao máximo, clichê necessário para boa vida
existencial, entretanto, uso este parágrafo apenas para sugerir uma musica
interessante que pode ajudar na boa reflexão: One life – James Morrison.
Uma vida
James Morrison
Quando eu era um
garotinho
Vivia pelo momento
O mundo estava bem
aberto
Eu tinha todas as
escolhas
Mas tantas escolhas
Eu só não sabia o que
fazer
Tudo o que tenho a
dizer é esqueça isso
Se você me disser que
vou me arrepender
Deixe ser como é
Porque é muito fácil
dizer
Se eu soubesse ontem o
que sei hoje
Onde eu estaria
amanhã?
Não deixo minha alma
de lado
Eu faço o que for preciso
Porque esse tempo é
emprestado
Eu tenho uma vida, uma
vida, uma vida
E vou vivê-la
Eu tenho uma vida, uma
vida, uma vida
E eu vou vivê-la
direito
Meu pai me sentou no
colo
Ele disse,
"Filho, chegou a hora
De começar a fazer
alguns planos
Eu disse " Não,
agora não"
Tantas escolhas
Eu só não sabia o que
fazer agora
Tudo o que tenho a
dizer é esqueça isso
Se você me disser que
vou me arrepender
Deixe ser como é
Porque é muito fácil
dizer
Se eu soubesse ontem o
que sei hoje
Onde eu estaria amanhã?
Não deixo minha alma
de lado
Eu faço o que for
preciso
Porque esse tempo é
emprestado
Eu tenho uma vida, uma
vida, uma vida
E vou vivê-la
Eu tenho uma vida, uma
vida, uma vida
E eu vou vivê-la
direito
Você diz que quanto
mais pensa, mais sabe o que é certo
E menos você faz o que
sente por dentro
Então não vou fingir
que eu sempre sei
Eu apenas sigo o meu
coração onde quer que ele vá
E talvez não acerte
sempre
Pelo menos estou
vivendo
Porque eu só tenho uma
vida, uma vida
Eu só tenho esta vida
Se eu soubesse ontem o
que sei hoje
Onde eu estaria
amanhã?
Não deixo minha alma
de lado
Eu faço o que for
preciso
Porque esse tempo é
emprestado
Eu tenho uma vida, uma
vida, uma vida
E vou vivê-la
Eu tenho uma vida, uma
vida, uma vida
E eu vou vivê-la
direito
Uma vida, uma vida,
uma vida
Eu só tenho uma vida,
uma vida
uma vida, uma vida,
uma vida
E vou vivê-la
Eu tenho uma vida, uma
vida
Quando eu for um homem
velho
Espero estar na minha
cadeira de balanço
Sorrindo pra mim mesmo
E dizendo para minha
garotinha, você só tem uma vida
Então tenha certeza
que está vivendo direito
Uma vida eterna em toda sua finitude (não acredito em paradoxos).
ResponderExcluiro nome da novela é "A viagem".
Valeu a lembrança da novela Madrake. Quanto a ideia da imortalidade da alma entre outras metafisicas, quis apenas lembrar das lembranças da infância e tentar despertar a curiosidade quanto a esta possibilidade pra quem conferir o texto..
ResponderExcluirValeu!
O melhor do melhor.
ResponderExcluirParabéns!
ficou bem original, do seu jeito filosofo
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