Projeto
Releituras
Diário de um sedutor - Soren Kierkegaard
“Penso que, tal como afugentou os outros do bom caminho, ele próprio se acabará por perder. Desviou os outros do bom caminho, não sob a aparência de uma reação exterior, mas sim de uma relação interior, referente a eles próprios.
É revoltante que um homem indique mal a estrada a um viajante que desconhece o caminho a seguir, e o abandone em seguida, sozinho no engano. Mas não será mais revoltante ainda levar alguém a perder-se em si próprio? O viajante tem, apesar de tudo, o consolo da paisagem, cuja aparência se vai invariavelmente modificando aos seus olhos, e o fato de que em cada uma dessas modificações pode ter a esperança de encontrar uma saída mas aquele que se perde em si próprio não tem um tão amplo terreno por onde guiar os seus passos, brevemente se dá conta de estar fechado num círculo de onde lhe é impossível fugir.”
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Escreveu-me uma vez um bilhete onde demonstrava as suas impressões a respeito dele: Era, algumas vezes, de tal forma intelectual, que eu me sentia reduzida a nada como mulher, e em outras tão selvagem e apaixonado, cheio de tantos desejos, que quase me fazia tremer. Umas vezes eu era para ele como uma desconhecida, outras abandonava-se completamente – mas se, num destes ultimos momentos, lhe lançasse os braços ao pescoço, tudo podia mudar um só instante, e o que eu abraçava era apenas uma nuvem.
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