quarta-feira, 28 de março de 2012



Sobre a promessa da vida eterna quando criança

Por volta de meus cinco anos de idade lembro de comentar com meus pais sobre a vontade de morrer para “ir pro céu” e conhecer os dinossauros (uma vez que assistia bastante o programa que passava no Discovery intitulado Paleomundo). Perguntava ao meu pai: “Pai, quando eu morrer vou pro céu e vou poder conhecer os dinossauros né? Deve ter uma área separada pra eles porque eles podem morder, né?” Meu pai costumava responder que tudo que já morreu vai pro céu e quanto a questão do dinossauro, não consigo me recordar a resposta ao certo, entretanto, lembro de seguir perguntando algo sobre: “Pai, já que é no Céu que mora Jesus, posso ir lá conhecer ele? Como posso conversar com ele? Ele não deve falar português.” Novamente não consigo lembrar a resposta de meu pai (possivelmente o motivo de tais perguntas tenha sido uma novela da globo que falava de vida após a morte, lembro que Antônio Fagundes participava, todavia, preguiça me rouba a vontade de ir no oráculo buscar o nome de tal novela). Algum tempo depois, meu avô paterno deixou o plano terrestre rumo a “Terra Prometida” e novamente a questão foi colocada em pauta. Dessa vez usei a variável como meu avô para questionar meu pai, uma vez que a resposta quanto a morte de meu adorável ídolo da infância foi a que ele “havia partido para o céu”. Por isso, tomado novamente pela curiosidade quanto ao plano celestial, perguntei novamente ao meu abatido pai...: “Pai, o vovô foi pro céu, né?”. Quanto a esta pergunta uma fragmentação de memória da época dita que meu pai respondeu: “Ele agora nos vigia do céu, meu filho. Esta morando perto de Jesus.” Mas tomado pelo espírito de filósofo inquieto peculiar nas crianças, segui reprisando meus argumentos de minhas perguntas outrora feitas: “Mas pai, como ele vai falar com Jesus? Será que ele vai conseguir falar com as pessoas de outros países? O vovô não sabe falar inglês...”. Nenhum pedaço de memória surge para ilustrar o que meu pai poderia ter respondido.

Todavia, alguns anos depois, agora com vinte e quatro anos, após ter conseguido uma boa dosagem de experiência de vida, filosófica, existencial, cientifica entre outros, continuo buscando acreditar nessa “ideia” da promessa da vida eterna. Que mágico seria se pudéssemos ter a oportunidade de rever nossos entes queridos (vivo comentando com meu pai que gostaria de ter oportunidade de trocar boas ideias com meu avô), assim como trocar ideias (embora continue sem “respostas” para a problemática da comunicação inter mortos) com grandes figuras do passado, tal qual Sócrates, Platão, Hume, Kant, Nietzsche e Schopenhauer (esse queria trocar muitas ideias mesmo). A melhor idade é a mais jovial, a criança é o maior filósofo de todos os tempos, suscetível em demasia quanto as surpresas do mundo, depois de anos passados de minha infância espero a cada dia que passa que o mundo me surpreenda.

A priori, só temos uma vida e que temos que aproveitar ao máximo, clichê necessário para boa vida existencial, entretanto, uso este parágrafo apenas para sugerir uma musica interessante que pode ajudar na boa reflexão: One life – James Morrison.


Em anexo segue a tradução. 



Uma vida

James Morrison

Quando eu era um garotinho
Vivia pelo momento
O mundo estava bem aberto
Eu tinha todas as escolhas
Mas tantas escolhas
Eu só não sabia o que fazer

Tudo o que tenho a dizer é esqueça isso
Se você me disser que vou me arrepender
Deixe ser como é
Porque é muito fácil dizer

Se eu soubesse ontem o que sei hoje
Onde eu estaria amanhã?
Não deixo minha alma de lado
Eu faço o que for preciso
Porque esse tempo é emprestado

Eu tenho uma vida, uma vida, uma vida
E vou vivê-la
Eu tenho uma vida, uma vida, uma vida
E eu vou vivê-la direito

Meu pai me sentou no colo
Ele disse, "Filho, chegou a hora
De começar a fazer alguns planos
Eu disse " Não, agora não"
Tantas escolhas
Eu só não sabia o que fazer agora

Tudo o que tenho a dizer é esqueça isso
Se você me disser que vou me arrepender
Deixe ser como é
Porque é muito fácil dizer

Se eu soubesse ontem o que sei hoje
Onde eu estaria amanhã?
Não deixo minha alma de lado
Eu faço o que for preciso
Porque esse tempo é emprestado

Eu tenho uma vida, uma vida, uma vida
E vou vivê-la
Eu tenho uma vida, uma vida, uma vida
E eu vou vivê-la direito

Você diz que quanto mais pensa, mais sabe o que é certo
E menos você faz o que sente por dentro
Então não vou fingir que eu sempre sei
Eu apenas sigo o meu coração onde quer que ele vá

E talvez não acerte sempre
Pelo menos estou vivendo
Porque eu só tenho uma vida, uma vida
Eu só tenho esta vida

Se eu soubesse ontem o que sei hoje
Onde eu estaria amanhã?
Não deixo minha alma de lado
Eu faço o que for preciso
Porque esse tempo é emprestado

Eu tenho uma vida, uma vida, uma vida
E vou vivê-la
Eu tenho uma vida, uma vida, uma vida
E eu vou vivê-la direito

Uma vida, uma vida, uma vida
Eu só tenho uma vida, uma vida

uma vida, uma vida, uma vida
E vou vivê-la
Eu tenho uma vida, uma vida

Quando eu for um homem velho
Espero estar na minha cadeira de balanço
Sorrindo pra mim mesmo
E dizendo para minha garotinha, você só tem uma vida
Então tenha certeza que está vivendo direito